O "Há Neve Lá Fora" muda definitivamente de morada. Agora estamos aqui.
Muda de morada mas a memória não se apaga. Vamos continuar a contar os anos.
E em novembro faz oito.
terça-feira, junho 21, 2011
sexta-feira, outubro 15, 2010
Como se fosse uma imagem proibida, como se a refracção da luz mais clara do dia nas pedras escurecidas do castelo lançasse na sombra um rio desde a fresca nascente até ao doce estuário, como se na copa das árvores se pudesse apenas ver o chão que nos reclama, as paredes já pouco brancas das casas que nos dão os ombros perderam o toque furtivo dos teus dedos, e foi um dia de sol que os levou, ainda a primeira luz horizontal nascia a dois braços da minha janela, e os olhos que a seguiam, onde foram pousar, quem os cegou com o toque furtivo de dois dedos que implacavelmente avançavam debaixo do gelo e da sombra para me encontrar, fomos por esses desertos à procura dos rios irmãos até que as sandálias que nos levavam não puderam mais, então as deixamos sob um sol desenhado a prumo, os nossos pés, depois, caminharam nessas areias onde o contorno do corpos que nelas se deitam de noite fica gravado através dos séculos, e assim ficará gravado nas areias do deserto, próximas dos rios irmãos, o desenho dos nosso corpos
e lá em cima
a luz que caía das pedras do castelo atirava os seus braços esguios e luminosos a uma profundidade desconhecida, estelar e fria, sempre os corpos mais frios e distantes aceitam os calor que lhes chega, a estes não se pode recusar, ainda que magra lhes chegue, a luz que das muralhas nasce.
e lá em cima
a luz que caía das pedras do castelo atirava os seus braços esguios e luminosos a uma profundidade desconhecida, estelar e fria, sempre os corpos mais frios e distantes aceitam os calor que lhes chega, a estes não se pode recusar, ainda que magra lhes chegue, a luz que das muralhas nasce.
terça-feira, julho 13, 2010
sexta-feira, julho 09, 2010
terça-feira, abril 13, 2010
Oxalá seja essa cor a tua cor verdadeira, oxalá sejamos amantes sem tecto, amantes sem terra e sem dinheiro, porque teremos nós de existir tão perto do fim do mundo, porque serão as manhãs cada vez mais curtas, a morte não te há-de matar, os deuses não te hão-de levar, eu sonho com muitos sábados de sol em que saímos ao sol e debaixo do sol pedimos mais sol que venha queimar-nos os joelhos, e a metade verde dos braços, eu sonho ainda outras vezes com um velho fiat 127 azul debaixo do sol de um sábado de sol e a música no rádio a tocar num dia de glória, a glória será não esquecer tudo isto, tudo isto e tudo isto é muito pouco para se esquecer, terás os teus dias na sétima cor que invadiu a península, ao sétimo dia de marcha os pés cansaram-se, as mãos não puderam tapar mais os olhos, que cegaram, e a música renasceu na fronteira entre a montanha e a planície, quem poderá dizer, a morte não te há-de matar, viverás, oxalá sejamos amantes quando viveres, diz se vives por favor, ou se já nasceste, quero ir ver-te onde as manhãs não forem tão curtas, encontrar-te-ei e poderemos então falar, respirar a mesma flor na mesa de cabeceira, ouve, estaremos sós?
segunda-feira, março 01, 2010
Encontro no mapa
a geofrafia impossível
de uma rua descalça
um país que jaz
um país que se desfaz
debaixo dos escombros,
em ditirâmbos azuis,
o teu cabelo ondula
é a metamorfose completa
e ideial
dos sentidos
que se esvaziam
e o ceú
esse véu-cascata escuro
que trazias
está no chão finalmente
e o sorriso original
dos dias
de luminosidade clara.
a geofrafia impossível
de uma rua descalça
um país que jaz
um país que se desfaz
debaixo dos escombros,
em ditirâmbos azuis,
o teu cabelo ondula
é a metamorfose completa
e ideial
dos sentidos
que se esvaziam
e o ceú
esse véu-cascata escuro
que trazias
está no chão finalmente
e o sorriso original
dos dias
de luminosidade clara.
Nada que diga destas escadas que ora sobem ora descem, frias da pedra onde escolheram viver, nada que diga dos dias de luminosidade clara que se evaporam depois da porta pequena e verde a lembrar os antigos portões da cidade resgatada aos povos das estepes, nada que diga dos teus passos - tão pesados - que lentamente subiram pela tarde vermelha do sol que a tingia, nada que diga da tua saia, do perfil teutónico dos teus ombros, nada que diga será tão largo como a onda mais verde, mais fundo que a profundeza oceânica, e mesmo sabendo, mesmo sonhando talvez que esses ombros jamais cruzarão os portões verdes da cidade resgatada, depois os arcos da torre antiga, e logo depois dela a porta da barbacã com o escudo da nacionalidade a envelhecer, e subindo, subindo, os degraus quebra-costas, os teus ombros jamais cruzarão a passagem inferior na sombra das casas a queimar a floresta em troca de calor, e nunca, nem no tempo-breve nem no tempo longo, sentirão a brisa piramidal que corre no vão das escadas em desejo antecipado.
segunda-feira, setembro 15, 2008
indiferentes ao desejo
indiferentes ao frio
os ombros escolhem as mãos
duas mãos apenas
que não escureçam
as ruas onde estás não escurecem
apenas a noite
os olhos abertos
o rumor
os rumores abertos
entre os passos
cobertos os espaços
de ti
hoje não estás, hoje não és
assim, um corpo
margens brancas
planície sol aluvião
o mar é uma colina verde
o mar é todo o sangue
que não se perde
deixa ao menos um pouco de ti
no fundo dos meus braços
no fundo do mar
deixa ao menos um pouco de sol
o inverno que não acabe
nunca
indiferentes ao desejo
as noites passam debaixo
da minha janela,
essa luz tão fria
a cegar-me os dedos
esses dois braços
que eu queria
e no fim deles duas mãos
que não escureçam
duas mãos e o arco que descrevem
como se a lua tão perto
que ausência a tua
com quantas letras se escreve
a palavra longe, com quantos dedos
se contam três mil quilómetros,
tu
a meio dia do outro lado da terra
e os meus braços
que não chegam
dois braços
simulando os espaços
a meio caminho do desejo.
indiferentes ao frio
os ombros escolhem as mãos
duas mãos apenas
que não escureçam
as ruas onde estás não escurecem
apenas a noite
os olhos abertos
o rumor
os rumores abertos
entre os passos
cobertos os espaços
de ti
hoje não estás, hoje não és
assim, um corpo
margens brancas
planície sol aluvião
o mar é uma colina verde
o mar é todo o sangue
que não se perde
deixa ao menos um pouco de ti
no fundo dos meus braços
no fundo do mar
deixa ao menos um pouco de sol
o inverno que não acabe
nunca
indiferentes ao desejo
as noites passam debaixo
da minha janela,
essa luz tão fria
a cegar-me os dedos
esses dois braços
que eu queria
e no fim deles duas mãos
que não escureçam
duas mãos e o arco que descrevem
como se a lua tão perto
que ausência a tua
com quantas letras se escreve
a palavra longe, com quantos dedos
se contam três mil quilómetros,
tu
a meio dia do outro lado da terra
e os meus braços
que não chegam
dois braços
simulando os espaços
a meio caminho do desejo.
sábado, novembro 05, 2005
Gostava de ficar alguns minutos a olhar o verde do céu, depois o azul, o cinzento, ver passar o vento quente, depois esse que vem frio, gostava de ver cair a chuva, depois olhar para uma gota que fazia parar no ar, suspensa, e dizer, Aqui estás tu, lá em baixo estou eu, e depois fazê-la cair no chão seco, como alguém que espera um beijo. Era nesses dias que gostava de se sentar, ver passar o fio do tempo recortado por essas palavras que dizias, soltas ou entrelaçadas, húmidas se tocavam os teus lábios, secas se vinham como um grito, mas sempre querendo ir buscar-te ao fundo desses dias onde gostavas de te sentar, sem nada que ouvisses, sem nada que visses ou quisesses ver, e levava-te por um abraço, mais ou menos apertado, mas sempre esses braços cingindo-te, resgatando-te. Gostavas de ficar alguns minutos a olhar o verde do céu, depois o azul, o cinzento, um dia destes acordaste e viste-o branco, no outro dia anoiteceu pintado de laranja-claro, e foi um sonho que tiveste, não sei e não sabes se por causa da cor do céu, se por causa dessa lua que te chamava. Sonhaste que ela vinha também, não a lua, mas uma voz que tinha uma boca, uma boca que tinha um rosto, rosto que tinha um cabelo e pescoço, um cabelo e pescoço que tinham ombros e peito onde cair, esses ombros de que falo e que tu queres e esse peito de que falo e tu queres tinham uma cintura, essa cintura, acaso os teus olhos desviam para lá o olhar (secretamente), não termina nunca, logo logo começam as pernas, sem que disso te apercebas, brancas de marfim, e essa voz que tinha um corpo era ela, era um corpo que tinha uma voz, uma música, um embalo onde te pudesses sentar e ver as cores do céu passar, não sozinho nem adormecido já, mas junto a esse corpo que tem uma voz, a essa voz que tem um corpo.
sexta-feira, novembro 04, 2005
Acordava atirada contra um céu vermelho, em sangue, e dizia, Este dia não foi hoje, como se o tempo, acordado no fim de um segundo, pudesse preferir as horas mortas de sol às horas de luz que se repetem ao anoitecer, como se estas lágrimas que choras hoje te dissessem e gritassem que estás aqui, que me queres, que não choras mais e engoles as lágrimas com os teus olhos antes que elas te caiam pela cara. Não foi hoje este dia, foi o que disseste, mas houve nesse suspiro, breve, uma quase-dor, um murmúrio mortiço que revelava um abraço, outros sons, maiores talvez, mais pequenos por certo, sem forma nem compasso, de certeza. Era o dia que nascia, repetiste, não repetiste, não sei já o que disseste, e foi como um dia que acabasse para mim, mais perto de ti, desse céu vermelho, de sangue já não sei, não me lembro. De encontro ao teu sorriso, sem hipótese de fugir, acabo por sorrir também, sem forçar os músculos, esses que fazem sorrir, e acabo por ficar, de certeza que não vou querer fugir, com os pés rentes aos teus pés, com o corpo rente ao teu corpo, minha boca rente à tua boca, o meu sol rente ao téu sol, a minha lua, a tua, a nossa. E esse vento que passa por ti e passa por mim vem em silêncio, está parado, dorme nas folhas das árvores, está no teu cabelo, andará por aí, não sabemos, não o ouvimos, vem dali, não sabemos nem saberemos nunca, vem daqui, vem de lá, talvez, mas vem em silêncio, não fala, não diz, mas espera, espera que falemos, espera que me digas, com os teus pés rentes aos meus pés, com o teu corpo rente ao meu corpo, com a tua boca rente à minha boca, o teu sol rente ao meu sol, e espera que eu diga, já disse com o quê rente a quê, o vento espera que digas e que eu diga, Volta para mim.
domingo, outubro 09, 2005
Apesar de tudo, ele procurava, longe, no rés-do-chão de um sorriso verde. Longe, na sombra de um candeeiro a gás de uma rua perdida algures no século XIX. E sempre essa pergunta, calcurreando-lhe o fundo dos olhos escuros, brancos de luz:
- Onde estás?
- Estou aqui, ao pé de uma nuvem muito grande...
- Onde estás?
- Estou aqui, ao pé de uma nuvem muito grande...
terça-feira, setembro 20, 2005
Setembro II
Setembro fez-se de outra luz, uma luz quase-luz que se vai perdendo no ponto de fuga de um sorriso outonal. Ou da primeira folha seca que acaba de se soltar e vai caíndo no chão. Setembro fez-se de outra luz, a última dos dias claros, esses que te vão fugindo por entre os dedos. Setembro fez-se de uma praia sem sombras, de marés-vivas.
Setembro é uma aguarela para se pintar do som do mar. Setembro - que lugar para partires...
Setembro fez-se de outra luz, uma luz quase-luz que se vai perdendo no ponto de fuga de um sorriso outonal. Ou da primeira folha seca que acaba de se soltar e vai caíndo no chão. Setembro fez-se de outra luz, a última dos dias claros, esses que te vão fugindo por entre os dedos. Setembro fez-se de uma praia sem sombras, de marés-vivas.
Setembro é uma aguarela para se pintar do som do mar. Setembro - que lugar para partires...
sábado, setembro 10, 2005
Setembro #1
Setembro: que lugar para dormir - ou nessas folhas ardendo pelo chão da tarde.
A sombra desse beijo que trazia abria-lhe nos lábios um corte profundo de cor escura. Era outro rosto, outros desenhos de ti que ele esperava, talvez pintados a lápis de cor e sem sair do limite. Mas esses olhos que usas teimavam em sair da própria luz do dia, exilados de ti numa outra margem ou pedaço de céu. Fugiam sempre, penetrando noutras fendas da minha pele. Era a tua voz que queria, para ir colher o roxo das manhãs, ou essa luz escura que cai depois do Sol.
Hoje, tentei deslizar sobre a tua pele, querendo voltar a esse corpo de sal. Partir para não chegar, e sobretudo não voltar... sair de mim, voltar a ti, ser tudo o que não sou para ser tudo em ti. Ser-te, e voltar a mim no mesmo instante, sem pensar se me perdi ou se te encontrei. Gozar de toda a liberdade poética para te ousar, ir buscar-te onde não estás e deixar-te comigo onde não estávamos, estar contigo em lugar nenhum e visitar todo o lugar. Não te rias. Nem sempre o sonho serve para nos rirmos dele.
A sombra desse beijo que trazias abriu-me nos lábios um corte profundo de cor escura, uma fenda para onde te vais esgueirando e espreitando para dentro de mim. Descansa. Setembro: que lugar para dormir. Descansa: "o amor não contempla, sempre o amor procura".
Setembro: que lugar para dormir - ou nessas folhas ardendo pelo chão da tarde.
A sombra desse beijo que trazia abria-lhe nos lábios um corte profundo de cor escura. Era outro rosto, outros desenhos de ti que ele esperava, talvez pintados a lápis de cor e sem sair do limite. Mas esses olhos que usas teimavam em sair da própria luz do dia, exilados de ti numa outra margem ou pedaço de céu. Fugiam sempre, penetrando noutras fendas da minha pele. Era a tua voz que queria, para ir colher o roxo das manhãs, ou essa luz escura que cai depois do Sol.
Hoje, tentei deslizar sobre a tua pele, querendo voltar a esse corpo de sal. Partir para não chegar, e sobretudo não voltar... sair de mim, voltar a ti, ser tudo o que não sou para ser tudo em ti. Ser-te, e voltar a mim no mesmo instante, sem pensar se me perdi ou se te encontrei. Gozar de toda a liberdade poética para te ousar, ir buscar-te onde não estás e deixar-te comigo onde não estávamos, estar contigo em lugar nenhum e visitar todo o lugar. Não te rias. Nem sempre o sonho serve para nos rirmos dele.
A sombra desse beijo que trazias abriu-me nos lábios um corte profundo de cor escura, uma fenda para onde te vais esgueirando e espreitando para dentro de mim. Descansa. Setembro: que lugar para dormir. Descansa: "o amor não contempla, sempre o amor procura".
quarta-feira, setembro 07, 2005
Voar era fácil... essa tua luz fria
inclinava-se nas minhas asas
e voava. Não sobre esta
ou outras paisagens, gastas pelos
quadros. É de outro corpo que falo.
Voava noutros lábios,
outras águas, ocultas em ti,
elípticas descrevendo espirais
nesse cabelo que é mel
e alma tua...
Voava no fundo do tempo, sem lugar
que me chamasse, ou rosto. Voava
pelo Sol da pele, na manhã parada,
ainda azul. Aqui me tens, voando
para ti, branca e nua...
inclinava-se nas minhas asas
e voava. Não sobre esta
ou outras paisagens, gastas pelos
quadros. É de outro corpo que falo.
Voava noutros lábios,
outras águas, ocultas em ti,
elípticas descrevendo espirais
nesse cabelo que é mel
e alma tua...
Voava no fundo do tempo, sem lugar
que me chamasse, ou rosto. Voava
pelo Sol da pele, na manhã parada,
ainda azul. Aqui me tens, voando
para ti, branca e nua...
sexta-feira, junho 17, 2005
Uma noite pesada que nasce e se põe e se abate sobre o céu, uma a seguir à outra. Noite após noite, outra noite se abre, como um livro sem páginas e sem fim. De que cor se pinta, esta noite? De que se tinge? Cheira a mar, travo húmido de sal e algas... cobre-se de chuva ou de luz de estrelas e luar? Que sons canta, esta noite que é nossa e de todos, e de todos e de nenhum? Noite sempre houve, sempre houve luz, sempre houve sol, água sempre houve. Não. Noite começou quando um beijo não quis ser dado nem ao nascer, nem ao entardecer nem ao pôr do sol. Noite fez-se quando não se quis luz. Noite fez-se quando não se quis sol. Noite fez-se quando braços treparam por outros braços, lábios se colaram noutros lábios, coxas, pés entrelaçados, corpos nus, suados construíram noite quando vozes se calaram e no ar surgiram outros sons, mais breves, mais puros, ocos quase. Quase fogo, quase, um suspiro quase... Noite fez-se quando ombros queimaram a pele com a sede de outros ombros, noite fez-se quando montanhas de caracóis tombaram, como ondas descendo brancas em concha debruçando-se em precipício sobre o areal. Descansaram enfim, dormiram respirando um último som algures num peito aberto, exposto e esse mar indelével.
Noite fez-se. Fizeram-na beijos de sal, mãos que se enrolam e apertam corpos sem fim, só chama, só peito claro e branco e liso. Fizeram-na estes olhos, outros, todos, e nenhum... e os teus, no escuro de uma noite branca. Só canto e gelo. Noite fez-se para contornos de luz, para que horas, horas sem fim passassem por mim e por todos, e outra vez por nenhum. Noite é um rio, um rio que começa e canta e acaba, e volta a comerçar quando a noite começa. Noite é silêncio. Longamente. Noite são árvores. Árvores nuas, despidas de luz, são a noite, um corpo que se move no escuro, encontrando sempre outro corpo. Noite existe. Existem braços, existem lábios, existem pernas, "colunas gregas se anoitece", existem beijos, existe mar.
E existem os teus braços, os teus lábios, as tuas pernas, os teus beijos, o teu mar de ondas e de espuma. Existes. Noite existe. Para sempre.
Noite fez-se. Fizeram-na beijos de sal, mãos que se enrolam e apertam corpos sem fim, só chama, só peito claro e branco e liso. Fizeram-na estes olhos, outros, todos, e nenhum... e os teus, no escuro de uma noite branca. Só canto e gelo. Noite fez-se para contornos de luz, para que horas, horas sem fim passassem por mim e por todos, e outra vez por nenhum. Noite é um rio, um rio que começa e canta e acaba, e volta a comerçar quando a noite começa. Noite é silêncio. Longamente. Noite são árvores. Árvores nuas, despidas de luz, são a noite, um corpo que se move no escuro, encontrando sempre outro corpo. Noite existe. Existem braços, existem lábios, existem pernas, "colunas gregas se anoitece", existem beijos, existe mar.
E existem os teus braços, os teus lábios, as tuas pernas, os teus beijos, o teu mar de ondas e de espuma. Existes. Noite existe. Para sempre.
segunda-feira, junho 13, 2005
E de súbito desaba um silêncio, um silêncio
sem ti...
As palavras
"São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"
Eugénio de Andrade
sem ti...
As palavras
"São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"
Eugénio de Andrade
segunda-feira, maio 09, 2005
domingo, abril 24, 2005
sábado, abril 23, 2005
sábado, abril 09, 2005
sexta-feira, abril 08, 2005
Voltar
E de novo o sorriso de quem tem ainda tanto para lhe dizer. De novo os lábios de quem está longe mas que não deixa nunca de estar perto. Sempre tão perto, perto sempre. Longe deixa de existir quando se está tão perto. De novo as ondas suspensas em cabelos feitos de mar... de novo um beijo. Um beijo. Nunca o mesmo, nunca igual. Lábios que se não cansam nunca de tocar. Irresistívelmente construíndo outros beijos, outras águas, outros ventos.
De novo, de volta. A ti. E à pele dos teus ombros, à pele das tuas mãos. De novo. Longe não existe quando estás sempre tão perto de mim. Trago-te comigo sempre.
Fazes silêncio na cor dos meus olhos. Palavras não fazem sentido se me olhas assim. Não sei como fazes. Juro que não sei. Respiras o mesmo ar que respiro - o teu. Fazes silêncio com os teus lábios. Fazes silêncio com a pele do teu pescoço. Por onde andam as tuas mãos quando não adormeces com o teu cabelo espalhado nos meus ombros? Ah, voltar a ti como quem volta das ondas do mar para a areia quente. Gosto de voltar a ter-te de novo nos meus lábios. De novo o sabor a vento e a nuvens, o ar eléctrico, o calor dos teus olhos.
Vem sorrir para mim esta noite. A janela está aberta para ti. Sempre.
E de novo o sorriso de quem tem ainda tanto para lhe dizer. De novo os lábios de quem está longe mas que não deixa nunca de estar perto. Sempre tão perto, perto sempre. Longe deixa de existir quando se está tão perto. De novo as ondas suspensas em cabelos feitos de mar... de novo um beijo. Um beijo. Nunca o mesmo, nunca igual. Lábios que se não cansam nunca de tocar. Irresistívelmente construíndo outros beijos, outras águas, outros ventos.
De novo, de volta. A ti. E à pele dos teus ombros, à pele das tuas mãos. De novo. Longe não existe quando estás sempre tão perto de mim. Trago-te comigo sempre.
Fazes silêncio na cor dos meus olhos. Palavras não fazem sentido se me olhas assim. Não sei como fazes. Juro que não sei. Respiras o mesmo ar que respiro - o teu. Fazes silêncio com os teus lábios. Fazes silêncio com a pele do teu pescoço. Por onde andam as tuas mãos quando não adormeces com o teu cabelo espalhado nos meus ombros? Ah, voltar a ti como quem volta das ondas do mar para a areia quente. Gosto de voltar a ter-te de novo nos meus lábios. De novo o sabor a vento e a nuvens, o ar eléctrico, o calor dos teus olhos.
Vem sorrir para mim esta noite. A janela está aberta para ti. Sempre.
segunda-feira, março 21, 2005
Dia Mundial da poesia
para um novo 21/3
para ti
Sair ao vento, respirar.
Mergulhar os dedos na raiz
dos teus cabelos, fugir
para ti.
Agarrar-me ao vento
dos teus lábios.
Há luz dentro e fora
de ti. Há neve nos teus
olhos. E nem eu sei
se lá fora é a chuva
ou são os teus lábios
que vêm bater à minha
janela...
Tatuagem de luz na tua pele,
espiral de cor
o recorte do teu peito.
E assim vejo minhas mãos
sozinhas percorrerem no escuro
o cheiro do teu corpo...
para um novo 21/3
para ti
Sair ao vento, respirar.
Mergulhar os dedos na raiz
dos teus cabelos, fugir
para ti.
Agarrar-me ao vento
dos teus lábios.
Há luz dentro e fora
de ti. Há neve nos teus
olhos. E nem eu sei
se lá fora é a chuva
ou são os teus lábios
que vêm bater à minha
janela...
Tatuagem de luz na tua pele,
espiral de cor
o recorte do teu peito.
E assim vejo minhas mãos
sozinhas percorrerem no escuro
o cheiro do teu corpo...
domingo, fevereiro 27, 2005
(Golden brown texture like sun...)
Sobes as escadas como quem chega a casa... Entras por uma porta que não é a tua, mas estás em casa. E eu estou também. Estive à tua espera como quem espera pelo vento de fim de tarde. Não sei como consegues. Juro que não sei. Estive à tua espera um dia inteiro. Mal te senti sair da cama, mas quando acordei e não vi o teu cabelo na almofada por um segundo quis correr atrás de ti, dos teus caracóis, do calor do teu corpo que não senti perto do meu. Não sei como consegues. Não te tinha visto ainda. E quando chegaste parecia que não te via há uma vida inteira.
E era a primeira vez que te via... chovia lá fora. Tinha os pés molhados, o cabelo húmido. Uma vida inteira sem te ver. Estive à espera um dia inteiro. E na verdade parece hoje que foi mesmo apenas um dia. Não estavas comigo. Chovia e eu tinha os pés molhados. Sentei-me, perdi os meus olhos entre chávenas e copos espalhados numa mesa de café. Voltei a encontrá-los quando chegaste. Sorri. Sorrias, do outro lado, não para mim, talvez para mim, já. Não sei como consegues. Eu vi-te, sorrias, estávas lá, e a partir desse dia estive sempre contigo. Vieste para o meu lado, saíste do papel da fotografia, como no vídeo dos A-ha. E Agora estás comigo, não chove e não te quero deixar.
(...lays me down with my mind she runs...)
Sobes as escadas como quem chega a casa... Entras por uma porta que não é a tua, mas estás em casa. E eu estou também. Estive à tua espera como quem espera pelo vento de fim de tarde. Não sei como consegues. Juro que não sei. Estive à tua espera um dia inteiro. Mal te senti sair da cama, mas quando acordei e não vi o teu cabelo na almofada por um segundo quis correr atrás de ti, dos teus caracóis, do calor do teu corpo que não senti perto do meu. Não sei como consegues. Não te tinha visto ainda. E quando chegaste parecia que não te via há uma vida inteira.
E era a primeira vez que te via... chovia lá fora. Tinha os pés molhados, o cabelo húmido. Uma vida inteira sem te ver. Estive à espera um dia inteiro. E na verdade parece hoje que foi mesmo apenas um dia. Não estavas comigo. Chovia e eu tinha os pés molhados. Sentei-me, perdi os meus olhos entre chávenas e copos espalhados numa mesa de café. Voltei a encontrá-los quando chegaste. Sorri. Sorrias, do outro lado, não para mim, talvez para mim, já. Não sei como consegues. Eu vi-te, sorrias, estávas lá, e a partir desse dia estive sempre contigo. Vieste para o meu lado, saíste do papel da fotografia, como no vídeo dos A-ha. E Agora estás comigo, não chove e não te quero deixar.
(...lays me down with my mind she runs...)
sábado, fevereiro 26, 2005
carta... (esboço)
À luz de uma vela,
os teus olhos perdem-se...
Poesia em flor...
Onde moram as pétalas
do teu peito,
onde mora a água
da tua boca?
Onde está o ar
que respirámos
da última vez que nos
amámos sem princípo
nem fim?
Quando destróis as ondas
do mar com o teu
cabelo, e
com a seda do teu peito,
há sempre um movimento
tectónico algures
no fundo do mar...
E são tantas as ondas
que te rebentam nas mãos...
À luz de uma vela,
os teus olhos perdem-se...
Poesia em flor...
Onde moram as pétalas
do teu peito,
onde mora a água
da tua boca?
Onde está o ar
que respirámos
da última vez que nos
amámos sem princípo
nem fim?
Quando destróis as ondas
do mar com o teu
cabelo, e
com a seda do teu peito,
há sempre um movimento
tectónico algures
no fundo do mar...
E são tantas as ondas
que te rebentam nas mãos...
Teoria da relatividade (ou teoria do amanhã)
Não mais do que hoje, por certo. Apenas hoje. Nem um dia mais, um dia menos.
Hoje é a hora, o tempo sobreposto num corpo quente, que me queima as mãos e os lábios por mais que sopre.
Não mais que hoje... mas se é o amanhã que quero de ti...! Este, aquele, o outro, todos os amanhãs em que quiseres acordar para mim.
Hoje não existe se não existires a menos de 500 metros de mim. (risos) Na verdade não te quero assim tão longe. Longe até demais. Tenho ainda tanto para te dizer à distância de um segredo, tens ainda tanto cabelo meu para despentear, temos tanto tempo para não dizermos nada e olhar um para o outro...
Para que te quero tanto hoje que te não tenho, se te posso ter amanhã? E o amanhã quando estás parece tão inesperado, tão eléctrico, tão cheio de palavras, tão hoje. Eu sei, eu sei: para quê pensar? Para pensar serve o amanhã, não hoje, que não estás. Para nós serve o amanhã, só nós, sem tempo, sem hoje nem amanhã, que o tempo serve para nos afastar...
E as noites são tantas ainda...
Não mais do que hoje, por certo. Apenas hoje. Nem um dia mais, um dia menos.
Hoje é a hora, o tempo sobreposto num corpo quente, que me queima as mãos e os lábios por mais que sopre.
Não mais que hoje... mas se é o amanhã que quero de ti...! Este, aquele, o outro, todos os amanhãs em que quiseres acordar para mim.
Hoje não existe se não existires a menos de 500 metros de mim. (risos) Na verdade não te quero assim tão longe. Longe até demais. Tenho ainda tanto para te dizer à distância de um segredo, tens ainda tanto cabelo meu para despentear, temos tanto tempo para não dizermos nada e olhar um para o outro...
Para que te quero tanto hoje que te não tenho, se te posso ter amanhã? E o amanhã quando estás parece tão inesperado, tão eléctrico, tão cheio de palavras, tão hoje. Eu sei, eu sei: para quê pensar? Para pensar serve o amanhã, não hoje, que não estás. Para nós serve o amanhã, só nós, sem tempo, sem hoje nem amanhã, que o tempo serve para nos afastar...
E as noites são tantas ainda...
domingo, fevereiro 13, 2005
para um novo 14.2...
Coração Polar
1
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
2
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés,
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre
...para ti...
Coração Polar
1
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
2
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés,
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre
...para ti...
domingo, fevereiro 06, 2005
Hoje não te vi. Foste sem mim olhar o mar. Traz-me ondas e espuma nos olhos... traz-me maresia nos teus lábios, areia nas tuas mãos, sal suspenso no lóbulo das orelhas. Traz-me pedaços de vento e pôr-do sol, fragmentos de um sorriso teu embrulhado numa concha que apanhares à beira-mar. Hoje não te vi. Foste sem mim olhar o mar.
Ver-te abraçar o mar com os teus olhos... ver-te emprestar mais ondas às ondas do mar... Ah, mas as tuas são mais perfeitas, mais ondas. Só elas se deixam enrolar nos meus dedos, nas minhas mãos, sem me expulsarem depois de me sacudirem violentamente.
Traz-me vento do mar no teu cabelo, azul marinho pintado nos lábios, algas, conchas, gaivotas voando sobre planícies de mar salgado tingido de azul e verde... Traz-nos uma pedra do fundo do mar, só para nós. Leva-nos para o silêncio, que te quero ouvir respirar. Sim, leva-nos para o silêncio do fundo do mar, que te quero ouvir o que me diz o teu respirar.
Quando voltas? Ainda é cedo? Onde estás? Porque é o silêncio tão pesado e escuro quando não estás? Porque dói tanto não te ouvir sequer respirar?
Ver-te abraçar o mar com os teus olhos... ver-te emprestar mais ondas às ondas do mar... Ah, mas as tuas são mais perfeitas, mais ondas. Só elas se deixam enrolar nos meus dedos, nas minhas mãos, sem me expulsarem depois de me sacudirem violentamente.
Traz-me vento do mar no teu cabelo, azul marinho pintado nos lábios, algas, conchas, gaivotas voando sobre planícies de mar salgado tingido de azul e verde... Traz-nos uma pedra do fundo do mar, só para nós. Leva-nos para o silêncio, que te quero ouvir respirar. Sim, leva-nos para o silêncio do fundo do mar, que te quero ouvir o que me diz o teu respirar.
Quando voltas? Ainda é cedo? Onde estás? Porque é o silêncio tão pesado e escuro quando não estás? Porque dói tanto não te ouvir sequer respirar?
quinta-feira, janeiro 20, 2005
Era inverno
nos teus olhos...
A tua boca sabia
a chuva e a frio,
a neve a a geada.
Era inverno
nos teus olhos...
Só o teu abraço
quente e doce
me aquecia.
Só um beijo teu,
as tuas mãos brancas
de seda, as tuas
pernas triunfantes,
colunas gregas
se anoitece.
Era inverno
nos teus olhos...
Neles espelhado o mar
de dezembro, revolto.
Vaga e maré-viva,
transbordante de
maresia ardente,
ofegante de ti.
Mal cabendo no
inverno dos teus olhos.
nos teus olhos...
A tua boca sabia
a chuva e a frio,
a neve a a geada.
Era inverno
nos teus olhos...
Só o teu abraço
quente e doce
me aquecia.
Só um beijo teu,
as tuas mãos brancas
de seda, as tuas
pernas triunfantes,
colunas gregas
se anoitece.
Era inverno
nos teus olhos...
Neles espelhado o mar
de dezembro, revolto.
Vaga e maré-viva,
transbordante de
maresia ardente,
ofegante de ti.
Mal cabendo no
inverno dos teus olhos.
sexta-feira, janeiro 14, 2005
[outras margens]
Outras margens
de um acordar
entre as margens de neve
dos teus lençóis.
Outras margens
do teu corpo estendido
na areia,
perto do mar.
Rochedo ondulante
batido pela vaga de
um sol de inverno.
Outras margens
do teu corpo nu
coberto de maresia,
escultura de areia
pedindo mais sol.
Outras margens
das minhas mãos,
pedindo outras margens
tuas, só tuas...
A onda azul e verde
não existe se entras
pelo mar adentro.
Desfaz-se em espuma
no teu cabelo,
no teu peito,
nas tuas pernas,
no vento das tuas palavras...
sábado, janeiro 08, 2005
terça-feira, dezembro 28, 2004
segunda-feira, dezembro 27, 2004
traço no papel
a tangente
dos teus sorrisos.
ah...adormecer num rio
e acordar
na tua boca.
e a perfeição elíptica
do desenho dos teus olhos.
indícios de luz fria
nas tuas mãos ardentes
deixar-me perder por sobre
todo o teu corpo...
abandonar-me à textura
do teu acaso,
sermos um cada segundo
desta noite.
Ouvir as cores
de um respirar nocturno
desenhadas no teu peito.
o timbre de seda
do teu beijo,
fulgor assim...
a tangente
dos teus sorrisos.
ah...adormecer num rio
e acordar
na tua boca.
e a perfeição elíptica
do desenho dos teus olhos.
indícios de luz fria
nas tuas mãos ardentes
deixar-me perder por sobre
todo o teu corpo...
abandonar-me à textura
do teu acaso,
sermos um cada segundo
desta noite.
Ouvir as cores
de um respirar nocturno
desenhadas no teu peito.
o timbre de seda
do teu beijo,
fulgor assim...
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