sexta-feira, março 05, 2004

Escuta... não ouves?
são suaves melodias
entoadas pela frescura da água
que desce este vale e nos abraça...
São ecos moribundos profundos de mágoa
na ternura atlântica de longí­nquos dias.

Suspiram silenciosamente as árvores deste bosque,
murmúrios para o ar frio da noite atiram!
Será que choram? Será que gritam?
Na sua voz de sempre
chamam por mim e por ti,
tristes, solitárias,
em lentos movimentos imperceptí­veis,
agitam os ramos ferozmente como nunca vi...
São muralhas intransponí­veis observantes
são entes pensantes,
são prova de amor do que vivi...

Vivem as árvores dos nossos verdes bosques,
vivem em tons de verde princesas da natureza,
vivem presas na terra mas recusam a incerteza...

Escuta... não ouves?
Sou eu que gemo e grito,
sou eu que soluça e chora!
Atiro-me contra as paredes!
Tu evaporas em mim a cada hora,
e adormeces comigo e não te vais embora...
Mas eu pontapeio frenéticamente o ar!
Mordo os lábios para me amordaçar!

Mas vejo-te, sinto-te...
Sonho-te, desejo percorrer os teus caminhos secretos,
desejo o simples desejar,
desejo o clarão da madrugada junto ao mar...
mas desejo apenas um olhar.
Sentado à fraca luz vou escrevendo
simples versos deste amor que vou vivendo...
Escuta... não me ouves?