segunda-feira, março 01, 2010

Encontro no mapa
a geofrafia impossível
de uma rua descalça
um país que jaz
um país que se desfaz

debaixo dos escombros,
em ditirâmbos azuis,
o teu cabelo ondula
é a metamorfose completa
e ideial
dos sentidos
que se esvaziam
e o ceú
esse véu-cascata escuro
que trazias
está no chão finalmente
e o sorriso original
dos dias
de luminosidade clara.
Nada que diga destas escadas que ora sobem ora descem, frias da pedra onde escolheram viver, nada que diga dos dias de luminosidade clara que se evaporam depois da porta pequena e verde a lembrar os antigos portões da cidade resgatada aos povos das estepes, nada que diga dos teus passos - tão pesados - que lentamente subiram pela tarde vermelha do sol que a tingia, nada que diga da tua saia, do perfil teutónico dos teus ombros, nada que diga será tão largo como a onda mais verde, mais fundo que a profundeza oceânica, e mesmo sabendo, mesmo sonhando talvez que esses ombros jamais cruzarão os portões verdes da cidade resgatada, depois os arcos da torre antiga, e logo depois dela a porta da barbacã com o escudo da nacionalidade a envelhecer, e subindo, subindo, os degraus quebra-costas, os teus ombros jamais cruzarão a passagem inferior na sombra das casas a queimar a floresta em troca de calor, e nunca, nem no tempo-breve nem no tempo longo, sentirão a brisa piramidal que corre no vão das escadas em desejo antecipado.