quinta-feira, setembro 09, 2004

...consistências...

Chora. Não aqui, não ao pé de mim. Não suporto ver-te chorar. Procura outro sítio, outro lugar, outra escuridão que não a minha. Chora. Longe, onde não te possa ouvir, longe, bem longe daqui. Lágrimas. Tão doce quando se ama. Tão amargas quando se morre. Tu, ou eu só, envolto na maré de fumo baço ao rubro do teu olhar. Húmido, o chão que piso. Habito-te. Alto no ar, aninhado na rajada de vento mais forte. Chora. Mas não para mim. ou então fica, e deixa-me atirar-te um beijo pelo ar da noite.

Caminhos fechados. O luar. Portas, janelas. Correntes de ar que perderam a força, no último sopro que esmorece vivo em nós. Lábios. A primeira linha de defesa de uma fortaleza tantas vezes explorada. Costas fervilhantes, abertas para o Sol. Pele. O campo subjectivo exposto ao toque das mãos. Olhos. Vidrados na côr de outros olhos, simétricos, suspensos na luz que os habita e que teima em fugir para o escuro. Vozes que pairam, longe. O mar. Que outra voz existe tão profunda e intrigante? Azul, revolto, ondas tombantes em espuma. Areia. E de repente um calor esfusiante que vem de ti, no ar, em órbitas elípticas ao meu redor. Choras. Mas não aqui. Choras... onde estás? Chora, chora mais alto! que não te oiço e te quero ir buscar! Chora. Quero-te.

1 comentário:

Anónimo disse...

hm... informative text ))